domingo, 2 de outubro de 2011

A Superfície

Baita regalo escrito pelo Diretor da Faculdade de Direito aqui da UPF, Passo Fundo.

Mais precisamente é uma simples e informal crítica, onde diz respeito ao mundo atual, onde realmente "sabe-se um pouco de muito e muito de nada".

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por Giovani Corralo

Um dos grandes problemas da atualidade é a superfície. Não que ela não seja necessária, até mesmo porque é pressuposto para a profundidade. O "bolo" é quando não se sai da tal superficialidade das coisas. Conhecer e ficar neste plano é fácil, o que requer pouco esforço.

Não são poucos os que afirmam o grande paradoxo deste novo mundo do conhecimento: sabe-se um pouco de muito e muito de nada. Óbvio que nesta última frase há uma metáfora, pois o nada não é conhecível. Eis os tempos atuais.

Claro que o mundo transforma-se numa velocidade e num ritmo jamais vistos.  Por mais que se defina um pequeno campo do saber, é impossível conhecer tudo o que se produz a respeito. O mundo cultural toma ares de infinitude, o que assusta e assombra.  A propagação do que é construído pela linguagem humana se difunde sem conhecer fronteiras, impulsionada pelo mundo digital.

Eis um dos pontos cruciais. O mundo moderno é conturbado. Corre-se contra o tempo. Automatiza-se estrondorosamente o comportamento humano.  Observa-se e não se absorve. Olha-se e não se enxerga.  Ouve-se e não se escuta.  A desensibilização e a robotização humana é latente.

(Publicado na Trincheira do dia 29 de setembro de 2011, no Jornal Diário da Manhã).

A internet, que pode ser o grande manancial de um conhecimento profundo, acaba sendo o grande fornecedor de títulos midiáticos.  Milhares de estímulos digitais dispersam e disfocam, contribuindo para "navegações" frívolas, pressiondas pelo tempo. Melhor, o "senhor tempo". Não que isto não seja bom, afinal de contas, o lúdico também é saudável, e muito. O grande "bolo" é que inúmeras vezes não se sai da aprisionante superfície.

O grande alicerçe cultural se forja com leituras densas e com reflexões profundas. Sem isso não há salvação. É preciso resgatar o debate qualificado de idéias. Leituras filosóficas, históricas e sociológicas, apenas para exemplificar, devem ter o seu espaço resgatado. Caso contrário a formação transforma-se em deformação.  Isso que todos, sem exceção, devemos nos encontrar em processo constante e contínuo de formação, ora.

A perigosa superficialidade deve ceder espaço para os necessários e imprescindíveis aprofundamentos. Se assim não for corre-se o risco das opiniões "sem noção" aumentarem os seus aparecimentos. Não que sejamos infalíveis. Ao contrário. Quem nunca expressou algo sem fundamento (besteira)? É possível minimizar tais falhas, isso sim. Não sem esforço.

Por hoje chega. Um texto com bastante "não" e contrariedades. Um texto informal. Um escrito mais solto. A linguagem usada com a cara do dia. Ponto final.

Regalo: giovanicorralo.com.br

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